Certo dia estava lá Nietzsche, no café da manhã comendo um belo pedaço de apfelstrudel e ensopando seu velho bigodão no café preto e sem açucar como era custumeiro nas primeiras horas matutinas, quando começou a tilintar seus talheres sobre a mesa, fazendo aquele batuque cheio de swing e malemolência, e absorto neste momento de leveza e inspiração indagou para si mesmo "A vida sem música seria um erro", após isso deu mais uma garfada e saiu de fininho sem pagar a conta, afinal filósofo que se preze não tem um pila se quer no bolso.
Me uso desta máxima, e de toda musicalidade alemã de Nietzsche, que era nenhuma, para reinterar o poder espantoso da música. Nada melhor para definir o estado de espírito de um homem do que seu próprio tato musical. Nossa vida é uma playlist, e em cada momento que passamos adotamos para si a trilha que transmite a essência da história que estamos construindo.
É claro que há músicas que você vai levar para a vida toda, que não terão tempo exato ou hora marcada para serem ouvidas, porque da mesma forma que vamos ter rotinas diárias, também precisamos de nossa dose habitual de familiaridade, algo que escutamos e nos faça voltarmos para casa, que transmita o lugar da onde viemos e para onde vamos, algo que te identifique, que marque sua personalidade, aquilo que te faz único e eterniza o momento certo, da música certa.
O som vibra e cada vibração ecoa dentro de nossas mentes e é essa energia que te faz chorar, gritar, te faz feliz e te faz triste, te enche de completude e ao mesmo tempo te abre em vazio. As notas são a corda banda dos equilibristas, ou você dança como a música manda, ou ela vai te derrubar.
Seja balada ou batida, curta o seu som e não ligue para o que os outros vão dizer, não ache indispensável saber cantar o jingle que está na modinha, escute o que te faz bem, escute o que te faz você, afinal só assim estaremos em sintonia com nós mesmos, quando as músicas baterem na alma e ecoarem no nosso universo.