Esbarrei em teu corpo, nas mãos aquele café preto, capaz de manchar até as vidas impermeáveis. Em um pedido de desculpas, involuntariamente os lábios foram e voltaram, na dança de um sorriso. Dali em diante eles sabiam, que dali em diante não saberiam, mais nada.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Sobre(viver)
Eu te pedi o que você fazia para viver. Você disse com aqueles olhos orgulhosos de quem anseia um elogio, que era atriz. Eu não havia perguntado qual seu trabalho e mais uma vez pedi “E para viver?”. O silêncio que se seguiu, era o fato de você não entender. Isso me destruiu por dentro. Eu te achava tão diferente dos normais, mas isso era apenas o que eu achava, não tinha nada a ver com o que você queria.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Ele quer parar
Por um momento senti, que alguma coisa havia mudado. Cada batida daquele velho coração me pareceu um sinal. Como se ele quisesse me dizer que um dia iria parar de bater, ou de amar.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
O feto
Ainda você na clausura do casulo, ligado a tudo por um cordão, nutrindo forças para enfrentar o mundo. Era bebê, recolhido em seus anseios, sem saber o que esperava lá fora. Soubesse, talvez nunca sairia, seria sempre pedaço materno. Um ser umbilical.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Imunes
Nem sempre foi assim, houve a época em que éramos absurdamente felizes. Imunes a qualquer tristeza. Com o tempo fomos cedendo as amarguras que secam a vida. As cores dos olhos desbotaram. Nos deixamos levar por aquelas tardes preguiçosas, aquele tédio despretensioso era na verdade, a falta de amor nascendo.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Não se iluda
Quando chegar a noite, não confunda a brasa do cigarro, com luz no fim do túnel. A escuridão é sempre negra, são os postes que te enganam.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Nada se apaga
Sentimentos se comprimem, não se esvaem. O que a gente esquece de sentir no instante, volta mais tarde na forma de saudade. Não importa quando, a vida sempre cobra, às vezes, além do que podemos dar. E aí o coração se degenera, por culpa da memória.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Amor que vem do medo
Depois de o céu desabar sobre suas cabeças, eles ainda encharcados de medo, nervosamente sorriram e disseram que quando o verão voltasse , enfim, aprenderiam a sentir calor. Por aqui, até aquele dia, parecia sempre inverno, todos estavam frios.