Sonhos II

E me da uma bobeira, de querer o que não posso. Sempre viajo nessas coisas de sonhar alto. Depois me aquieto e guardo o sonho debaixo do braço. Mas não me esqueço, eu nunca deixo um sonho se quer de lado. 

Quando eu pensei que já não era nada

Depois de todo esse tempo sem se falar, a gente troca uma meia dúzia de palavras e descobre que há tanto ainda a se dizer.

Igual

Ouvi o outro com paciência, como se aquele fosse uma extensão de mim. Era tudo tão parecido. De dor e alegria igual. Quanto mais adentro vamos, mais similares somos. Todo mundo chora e todo mundo ri, pelas mesmas coisas.

Ego

E atravesso e me atravessa, a rua sem setas e sem sinais. O tempo lento vermelho dos semáforos, o andar perdido na faixa de pedestres. A pressa selvagem das buzinas dos carros. Todos só querem saber de si, que quase ninguém viu, quando o semáforo abriu e começou tudo outra vez.

Por hora

Botar as coisas no lugar. Dar nome a tudo. Entender o que de fato as coisas são.

Amour

Se fosse te pedir uma só coisa, seria pra que tudo voltasse a ser como era no início, só que para sempre.

O sentimento me ignora

O silêncio não percebe que estou aqui e me ignora, sem a piedade, de saber se tenho fome ou medo. E me recluso no casulo da auto-aflição, pelo prazer de me sentir coitado. É muito fácil ser frágil, ter pena de nós mesmos. Difícil é atar os sapatos, percorrer as ruas, sem deixar que o sol seque os nossos sentimentos.