Fiquei a espera de um deslize seu, mas você sempre teimava em ser minimamente perfeita..
Recordo os rostos invejosos de todos que nos viam passar. Você sabia o que falar na hora exata, o momento certo de sorrir, era como se o mundo girasse ao seu redor. As coisas pareciam tão óbvias para você e tão complexas para mim, você descomplicava meu mundo, sozinho tudo parece indecifrável. Lembro da última vez que te vi, seus olhos falavam de pureza, me deu um beijo de café e saiu fazendo aquele barulho esquisito com seus saltos no meu carpete, eles anunciavam sempre quando você chegava ou partia.
A porta continua aberta, como se isso a fosse trazer de volta, mas o mundo é irreversível. Havia me restado apenas o lado vazio da cama, a calcinha no box do banheiro e sua revistinha da Avon.
Tentei acreditar que o tempo iria curar tudo, mas ele apenas muda as coisas de lugar, como um móvel velho arrastado para o canto da sala, querendo ou não ele permanece lá. Ando mentindo, falado que não sinto, mas no fundo sigo esperando, o barulho dos saltos que me acordavam no meio da noite e me tiravam meu melhor riso do rosto. Ainda não tive coragem de jogar a velha mobília fora.
E a vida segue. Com ou sem salto.
ResponderExcluirBoa quarta-feira, meu amigo!
PS: Gostei de sua visita em meu blog.
Bjs
"Ando mentindo, falado que não sinto, mas no fundo sigo esperando"
ResponderExcluirMuitas vezes, cultivamos essa estranha necessidade de mostrar que nada que existe aqui dentro, nos afeta.
Só que em algum momento, quando não há mais como evitar que tudo transborde, o que continua a latejar se manifesta.
E nessa hora, nos resta lembrar que um dia, tudo que existiu por aqui, foi capaz de nos trazer uma felicidade real.
Quem sabe um dia, a porta aberta, receba novamente sua esperada visita ilustre.
Por enquanto, a vida segue.
Como sempre, lindo texto Guilherme.