Pensar nos assuntos que sempre se quis escrever, tentar, tentar e jámais rabiscar uma única frase, titubear entre as palavras como o menino que risca o alfabeto pela primeira vez e se perde nos sentidos de cada letra. Dificil é, admitir o que nos tira o sono, quando chega o momento em que temos de nos despir de todos os laços que enfeitam nossa insegurança e falar abertamente do que somos feitos, a pura essência do que nos tornamos.
Estranho e triste saber o que se quer falar, fantasiar como seria escrever o melhor texto que se pode imaginar, mas temer que as palavras não brotem como uma flor na primavera e sim se vão para longe como as folhas secas do outono. Frustrar-se ao entender que realmente não sabes expressar o que sente, não que faltem palavras e sim lhe falta talento, enxergar as limitações em cada traço de seu texto e sentir o desconforto de pensar que és mais um.
Há dias em que se o papel falasse seria mais simples e menos dolorido, ser infinitamente promissor e no fim dar menos do que se espera, isso nos amarga. Imaginava-se imbátivel com a caneta e o papel mas hoje escrever é desgastante, as idéias que mais o alegra são também as que mais o intriga.
E mesmo assim interessantemente segue os velhos ritos de escrita que tanto estima, debatendo-se no mar de palavras que criou para si, nos livros em que mergulhou ainda quando criança e que o tornaram se não melhor, ao menos mais feliz.
Nada melhor que manter os velhos rituais. Fugir deles às vezes parece melhor, mas se faz sempre melhor voltar à eles. Quem dera se toda vez fosse simples expor o que se pensa. Quem dera que todas as palavras se fizessem por entender. Nem sempre é assim. A subjetividade de um texto por vezes jamais é reconhecida e fica só entre o papel e o autor. E a parte do mais feliz ou melhor, acho que torna-se melhor por ser mais feliz. Parabéns velho, curti o texto.
ResponderExcluirAbraços
Todos, penso eu, temos um rito rotineiro na hora de escrever. O Cyro Martins, por exemplo, escrevia apenas no seu escritório de psiquiatria, e na "rabeira das horas", como ele dizia.
ResponderExcluirPor mais que o texto não trate exatamente disso, quis me manisfestar acerca. :p
Eu, por exemplo, mesmo quando tento ser sério, não consigo. Vai ver até minhas letras resumem minha cara de palhaço.
Hehe
Abraço e parabéns.
Identifiquei-me com seu texto.
ResponderExcluirTem um poema da Alice Ruiz que fala mais ou menos sobre isso:
"Tem palavra
Louca pra ser dita
Feia bonita
E não se fala
Tem palavra
Pra quem não diz
Pra quem não cala
Pra quem tem palavra
Tem palavra
Que a gente tem
E na hora h
Falta"
Gostei muitíssimo do texto, Guilherme!
Beijocas
PS: Já alimentei suas tartarugas, ok? rs
Escrever seria a libertação de algo.
ResponderExcluirMas em determinados momentos, este algo está submisso e escondido dentro de eventuais sentimentos que não podem ser descritos: precisam ser sentidos.
Então procuramos pelo cheiro da folha e pelo sentido das palavras, como se escrever pudesse nos conduzir até o lugar certo.
E pode.
O que acontece, é que as vezes existem curvas que nos são necessárias.
Mas eu ainda não descobri melhor meio do que as palavras para encontrar o que todos nós queremos: aquele tal do algo a mais.
As vezes as letras fogem do real sentido.
Mas elas sempre estão no caminho certo.
Teu texto expressa exatamente o que significa essa junção de palavras que nós criamos.
Realmente, muito bom.