Vago nos pensamentos desertos que se quer tem significado, tirando-me o sono dos dias que se misturam as noites, nesta insônia sufocada que é meu vício. Sonho acordado em correr para longe, mas não sinto minhas pernas, paraplégico de alma, caio no chão morrendo aos poucos, definhando no vento das vaidades. Sou a soma de erros desiguais, que cometo buscando soluções para problemas que nem me aconteceram. Eu sofro por antecipação. Eu sofro de inanição. Eu morro por não viver.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
É só perda
Num outro dia qualquer eu faria rodeios, diria palavras doces para amenizar a sua dor, fingiria estar arrasado e que era difícil de suportar, mas nesta altura, no andar que as coisas tomaram, não há mais nada a sentir, porque pior que não amar é fingir amor. Com leveza me desprendo de tudo que já foi nosso, sem pensar no que ficou para trás, o que tivemos está além daqui, talvez numa outra dimensão, eternizado nessas fagulhas de tempo que se processam em cada olhar e que chamamos de estrelas.
Te dei mais do que havia em mim, fazendo cortar os poucos fios de vontade que nos ligavam e quando eles partiram-se era como se tudo tivesse ficado sem sentido, desnecessário, silencioso demais. Não planejei um fim, é como se ele sempre estivesse lá, a nossa espera. Nós tivemos um ponto de partida e também uma linha de chegada, mas no final ninguém ganhou, todos perderam e estranhamente nós bobos comemoramos, mentindo a cada dia como se tivesse valido a pena, porque seria duro demais admitir que nossa vida juntos foi uma perda de tempo.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Seus saltos
Fiquei a espera de um deslize seu, mas você sempre teimava em ser minimamente perfeita..
Recordo os rostos invejosos de todos que nos viam passar. Você sabia o que falar na hora exata, o momento certo de sorrir, era como se o mundo girasse ao seu redor. As coisas pareciam tão óbvias para você e tão complexas para mim, você descomplicava meu mundo, sozinho tudo parece indecifrável. Lembro da última vez que te vi, seus olhos falavam de pureza, me deu um beijo de café e saiu fazendo aquele barulho esquisito com seus saltos no meu carpete, eles anunciavam sempre quando você chegava ou partia.
A porta continua aberta, como se isso a fosse trazer de volta, mas o mundo é irreversível. Havia me restado apenas o lado vazio da cama, a calcinha no box do banheiro e sua revistinha da Avon.
Tentei acreditar que o tempo iria curar tudo, mas ele apenas muda as coisas de lugar, como um móvel velho arrastado para o canto da sala, querendo ou não ele permanece lá. Ando mentindo, falado que não sinto, mas no fundo sigo esperando, o barulho dos saltos que me acordavam no meio da noite e me tiravam meu melhor riso do rosto. Ainda não tive coragem de jogar a velha mobília fora.